segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A FACE DA MORTE (parte 1)


Esse texto foi escrito por Scarlet Pisces.


Muitos aqui do blog acham que eu não gosto de ler, isso não é verdade eu leio pacas, por que é lendo que encontramos grandes histórias, ou estórias.

Enfim acho que tudo na nossa vida tem um fundo de verdade...


O dia amanheceu bonito hoje. Ensolarado, com uma leve brisa. As pessoas ao meu lado estão calmas e aparentemente felizes. Isso de certa forma me dá ânimo e coragem para relatar a vocês a história que transformou a minha vida. Aconteceu há mais ou menos, dois anos atrás. Bem, antes eu peço ao caro leitor que permita-me uma apresentação. Meu nome é Fernando Jucantil, mas meus amigos me chamam de Juca, devido o sobrenome. Eu trabalhava como fotógrafo em um jornal aqui em sampa, comecei na parte criminal, fotografando presunto, ou melhor, defunto, ou cadáver, enfim, fotografava gente morta. Na verdade isso não me agradava nem um pouco, mas precisava pagar as contas. Foi assim durante um bom tempo. Até que um dia, consegui pular para a parte social. Foi a glória. Festas, eventos importantes, estava onde sempre quis. Porém, essa minha boa vida não durou muito tempo. Fui avisado que o fotógrafo que entrara no meu lugar não havia segurado o tranco e acabara pedindo demissão. Protestei, falei que não queria voltar, mas eles dobraram meu salário e assumiram a prestação do meu carro, alegaram que precisavam de mim, porque eu era o melhor naquela área. Porra nenhuma, eles é que não arrumaram ninguém para tirar foto de gente morta. Porém, a oferta era muito boa. Sendo assim, assumi a minha nova (antiga) função.

Bom, agora que vocês já me conhecem, eu posso começar a história. Era um dia parecido com o de hoje, estava fazendo um lanche no bar que fica logo em baixo da redação, ia tirar umas fotos num apartamento na Barra, onde um velhinho matou toda a família, até o cachorro. Disse depois em seu depoimento que a chacina foi devido à falta de atenção da família para com ele, mas isso é uma outra história. Então, voltando ao nosso assunto, eu estava fazendo um lanche, quando o Lúcio, um amigo das antigas que tinha ido morar fora do país, entrou no bar. Éramos como irmãos, embora nossos gostos fossem totalmente diferentes: Se eu gostava de samba, ele gostava de heavy metal, se eu gostava de cinema europeu, ele adorava a pipoca estadunidense, mas nos dávamos muito bem, apesar da diferença. – Aí, seu mané. - Gritei dentro do bar chamando sua atenção. – Juca! Porra mermão como você tá?. Logo de início, notei que tinha algo estranho, a começar pela sua aparência. Lúcio sempre foi aquele tipo modelo, sabe qual é? Alto, forte, bronzeado, adorava uma praia... mas a figura que estava em minha frente apresentava uma coloração extremamente pálida, sem falar nas olheiras, e o corpo; ele devia estar pelo menos uns cinco quilos mais magro. Ignorei a sua forma física, afinal de contas, ele podia estar passando algum momento complicado em sua vida. Começamos a trocar idéias, ele falou o quanto foi difícil o começo de sua vida no exterior. Ele havia partido com o sonho de ser músico, mas encontrou uma realidade diferente, no fundo eu sempre soube que ele não daria a mesma sorte dos caras do Sepultura, mas ele não me ouvia. Continuamos nossa conversa, ele falou que estava quase entregando os pontos e voltando para o Brasil, quando conheceu a Brenda. Menina bonita, bonita mesmo, ele me mostrou uma foto, parecia até uma bonequinha a danada. Ele falou o quanto ela era culta, sabia inclusive coisas de nosso país que ele mesmo não sabia. Ela deu a maior força pra ele. Descolou um bar onde ele podia tocar música brasileira. Com o tempo eles começaram a namorar, Lúcio era bom na arte da sedução, quando éramos adolescente eu sempre perdia as melhores garotas para ele. Ele disse que estava numa boa, e que planejava inclusive ter um filho com ela. E é justamente aqui que a história fica esquisita.


                                                   ***Continua***

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