- “Sabe, Carol... Estou gostando muito desse nosso
momento! É, estou adorando mesmo! Pra ser sincero com você, eu sou muito
solitário e não tenho com quem conversar... E minha timidez também não ajuda
muito, hehehe! E ter você aqui comigo, ouvindo meus desabafos, puxa, aposto que
você nem imagina o quanto estou feliz! E quando estou à vontade, assim como
estou agora, eu gosto de falar sobre minha vida, minha infância, essas coisas,
sabe? Tem certeza de quer mesmo me escutar? Olha, vou logo avisando: é uma
história meio dura de se ouvir. Quer ouvir mesmo? Legal! Então, vamos lá...”
- “Quando eu nasci, minha mãe teve uma complicação e ela
nunca mais pôde ter filhos. Ela quase morreu. E meu pai... Bom, meu pai morreu
antes de eu nascer. Cresci, ouvindo minha mãe jogando na minha cara que ela
sempre quis ter uma menina. Não é o tipo de coisa agradável para se ouvir
quando criança. Ela me batia muito e me obrigava a usar roupas de meninas. E se
eu tirasse, aí que eu apanhava mais mesmo. Foi uma época muito confusa para mim
e até hoje, eu não sei se minha mãe já era ou ficou perturbada só depois. Meus
brinquedos eram somente bonecas e eu era forçado a brincar com elas. No início,
eu odiava aquilo tudo e quando ela virava as costas, eu as quebrava, todas
elas! Arrancava seus braços, suas cabeças, as cortava com faca, arrancava seus
olhos e as queimava. Obviamente, as surras eram muito mais severas a ponto de
me tirar sangue.”
- “Deus, como eu odiava e temia minha mãe! Tanto que
quando ela morreu, e espero que esteja no inferno, não soltei uma lágrima
sequer. Maldita cadela! É, ela me embruteceu um pouco, sabe? Mas antes que ela
se fosse, minha vida continuava solitária e confusa... Ela não me deixava nem brincar
com outras crianças, acredita nisso? E eu só ficava em casa, triste e obrigado
a brincar com as bonecas que a maldita me dava! Eu fui me acostumando a isso e
as bonecas se tornaram minhas únicas companhias. Elas até passaram a conversar
comigo e diziam sempre que nunca me odiariam! Acabei me afeiçoando a elas, as
únicas criaturas que me amaram na vida... Está me acompanhando?”
- “Quando conversavam comigo, elas contavam suas
histórias e depois nós brincávamos até nos cansar, hehehe! E elas, certo dia,
me imploraram para brincar com elas e depois destruí-las, pois só assim suas
almas seriam libertadas daqueles corpos de plástico e poderiam ir para um lugar
onde elas seriam muito mais felizes. E foi o que eu fiz, com os olhos cheios de
lágrimas, mas depois entendi que eu estava fazendo um grande favor a elas.
Aquele era meu ato supremo de amor para àquelas que eram minhas amigas de
verdade. Só que ao mesmo tempo em que as libertava, eu comecei a sentir um
prazer, um êxtase indescritível ao fazer o que eu deveria fazer. E eu cresci, e
esse meu apetite foi tornando-se mais voraz e as minhas pequenas amigas foram
ficando de lado. Aquilo já estava começando a perder toda a graça...”
O homem fez uma pausa e olhou com rabo de olho para
Carol, como uma criança ansiosa esperando por um gesto de carinho e
compreensão. Ele, então, enfiou a mão no bolso de sua calça e tirou um grande e
prateado cortador de unhas; aproximou-se da mulher nua e amarrada à cama, e
começou a acariciar o corpo de Carol. Ela se debatia desesperadamente, tentando
gritar, em vão, pela boca amordaçada; e seus olhos arregalados e lacrimejantes
exprimiam todo o pavor derradeiro. Sua cabeça estava totalmente raspada e seus
longos cabelos loiros jaziam ao lado da cama.
- “Mas continuando nosso papinho gostoso... Então, eu
comecei a frequentar sex shops e comprava bonecas infláveis. Ah, deixa eu te
dizer, eu queria alguma coisa do tamanho natural. Nossa, hahaha, você não pode
imaginar como eu ficava com vergonha disso, hahaha! Mas isso foi só no início,
e depois, fui me acostumando... Eu as levava pra casa, brincava com elas e por
fim, eu as destruía em pedacinhos. Não sei explicar bem, mas acho que no final,
dava muita vergonha de mim mesmo. Mas me pergunta se eu consegui parar...
Aquilo virou uma obsessão cada vez mais profunda! Não, eu não conseguia e não
queria parar de jeito nenhum. Só que chegou um determinado momento em que fui
me cansando. E até demorei um pouco pra descobrir o porquê. E sabe, Carol, o
problema é que as bonecas não interagiam comigo... Eu não mais podia falar com
elas esperando por uma resposta, eu não podia sentir sua respiração, eu não
podia fazê-las sorrir ou gemer... Foi aí que resolvi partir para as bonecas de
verdade, as bonecas humanas, de carne e osso, e essas sim, me dão o que eu
tanto queria! Olha, e sem querer me gabar, foram muitas, hein?”
O homem apalpou os seios da mulher e, de repente – CLIC –
decepou um dos mamilos com o cortador de unhas. O sangue esguichou e enquanto
Carol urrava abafadamente, o homem babava de satisfação e soltava risinhos
esganiçados, quase afeminados. Ele foi até o canto do quartinho, abriu sua
mochila, onde havia bisturis, serras, alicates, chaves de fenda, etc. Sacou uma
afiadíssima faca de caça e uma grande tesoura de corte a laser, e aproximou-se
de Carol novamente, com um olhar sombrio e ensaiando um desengonçado passo de
dança. Ele cantarolava baixinho e aparentava uma insana alegria. A mulher
continuava a se debater e a esboçar ruídos.
- “Puxa, Carol, já te disse que estou muito feliz que
esteja aqui comigo, agora? Hoje, você vai ser minha boneca, não vai? E nós
teremos a noite toda... A noite todinha será só nossa, não é o máximo? Depois
disso, você será livre! Para sempre! E aí... vamos começar a brincadeira?
Hmmmm, por onde eu começo?”
Créditos; Alexandre
Ótimo conto! Bem aflitiva essa parte do mamilo, senti aqui! B)
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