segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O homem que brincava com bonecas #4




- “Sabe, Carol... Estou gostando muito desse nosso momento! É, estou adorando mesmo! Pra ser sincero com você, eu sou muito solitário e não tenho com quem conversar... E minha timidez também não ajuda muito, hehehe! E ter você aqui comigo, ouvindo meus desabafos, puxa, aposto que você nem imagina o quanto estou feliz! E quando estou à vontade, assim como estou agora, eu gosto de falar sobre minha vida, minha infância, essas coisas, sabe? Tem certeza de quer mesmo me escutar? Olha, vou logo avisando: é uma história meio dura de se ouvir. Quer ouvir mesmo? Legal! Então, vamos lá...”

- “Quando eu nasci, minha mãe teve uma complicação e ela nunca mais pôde ter filhos. Ela quase morreu. E meu pai... Bom, meu pai morreu antes de eu nascer. Cresci, ouvindo minha mãe jogando na minha cara que ela sempre quis ter uma menina. Não é o tipo de coisa agradável para se ouvir quando criança. Ela me batia muito e me obrigava a usar roupas de meninas. E se eu tirasse, aí que eu apanhava mais mesmo. Foi uma época muito confusa para mim e até hoje, eu não sei se minha mãe já era ou ficou perturbada só depois. Meus brinquedos eram somente bonecas e eu era forçado a brincar com elas. No início, eu odiava aquilo tudo e quando ela virava as costas, eu as quebrava, todas elas! Arrancava seus braços, suas cabeças, as cortava com faca, arrancava seus olhos e as queimava. Obviamente, as surras eram muito mais severas a ponto de me tirar sangue.”

- “Deus, como eu odiava e temia minha mãe! Tanto que quando ela morreu, e espero que esteja no inferno, não soltei uma lágrima sequer. Maldita cadela! É, ela me embruteceu um pouco, sabe? Mas antes que ela se fosse, minha vida continuava solitária e confusa... Ela não me deixava nem brincar com outras crianças, acredita nisso? E eu só ficava em casa, triste e obrigado a brincar com as bonecas que a maldita me dava! Eu fui me acostumando a isso e as bonecas se tornaram minhas únicas companhias. Elas até passaram a conversar comigo e diziam sempre que nunca me odiariam! Acabei me afeiçoando a elas, as únicas criaturas que me amaram na vida... Está me acompanhando?”

- “Quando conversavam comigo, elas contavam suas histórias e depois nós brincávamos até nos cansar, hehehe! E elas, certo dia, me imploraram para brincar com elas e depois destruí-las, pois só assim suas almas seriam libertadas daqueles corpos de plástico e poderiam ir para um lugar onde elas seriam muito mais felizes. E foi o que eu fiz, com os olhos cheios de lágrimas, mas depois entendi que eu estava fazendo um grande favor a elas. Aquele era meu ato supremo de amor para àquelas que eram minhas amigas de verdade. Só que ao mesmo tempo em que as libertava, eu comecei a sentir um prazer, um êxtase indescritível ao fazer o que eu deveria fazer. E eu cresci, e esse meu apetite foi tornando-se mais voraz e as minhas pequenas amigas foram ficando de lado. Aquilo já estava começando a perder toda a graça...”

O homem fez uma pausa e olhou com rabo de olho para Carol, como uma criança ansiosa esperando por um gesto de carinho e compreensão. Ele, então, enfiou a mão no bolso de sua calça e tirou um grande e prateado cortador de unhas; aproximou-se da mulher nua e amarrada à cama, e começou a acariciar o corpo de Carol. Ela se debatia desesperadamente, tentando gritar, em vão, pela boca amordaçada; e seus olhos arregalados e lacrimejantes exprimiam todo o pavor derradeiro. Sua cabeça estava totalmente raspada e seus longos cabelos loiros jaziam ao lado da cama.

- “Mas continuando nosso papinho gostoso... Então, eu comecei a frequentar sex shops e comprava bonecas infláveis. Ah, deixa eu te dizer, eu queria alguma coisa do tamanho natural. Nossa, hahaha, você não pode imaginar como eu ficava com vergonha disso, hahaha! Mas isso foi só no início, e depois, fui me acostumando... Eu as levava pra casa, brincava com elas e por fim, eu as destruía em pedacinhos. Não sei explicar bem, mas acho que no final, dava muita vergonha de mim mesmo. Mas me pergunta se eu consegui parar... Aquilo virou uma obsessão cada vez mais profunda! Não, eu não conseguia e não queria parar de jeito nenhum. Só que chegou um determinado momento em que fui me cansando. E até demorei um pouco pra descobrir o porquê. E sabe, Carol, o problema é que as bonecas não interagiam comigo... Eu não mais podia falar com elas esperando por uma resposta, eu não podia sentir sua respiração, eu não podia fazê-las sorrir ou gemer... Foi aí que resolvi partir para as bonecas de verdade, as bonecas humanas, de carne e osso, e essas sim, me dão o que eu tanto queria! Olha, e sem querer me gabar, foram muitas, hein?”

O homem apalpou os seios da mulher e, de repente – CLIC – decepou um dos mamilos com o cortador de unhas. O sangue esguichou e enquanto Carol urrava abafadamente, o homem babava de satisfação e soltava risinhos esganiçados, quase afeminados. Ele foi até o canto do quartinho, abriu sua mochila, onde havia bisturis, serras, alicates, chaves de fenda, etc. Sacou uma afiadíssima faca de caça e uma grande tesoura de corte a laser, e aproximou-se de Carol novamente, com um olhar sombrio e ensaiando um desengonçado passo de dança. Ele cantarolava baixinho e aparentava uma insana alegria. A mulher continuava a se debater e a esboçar ruídos.

- “Puxa, Carol, já te disse que estou muito feliz que esteja aqui comigo, agora? Hoje, você vai ser minha boneca, não vai? E nós teremos a noite toda... A noite todinha será só nossa, não é o máximo? Depois disso, você será livre! Para sempre! E aí... vamos começar a brincadeira? Hmmmm, por onde eu começo?”

Créditos; Alexandre

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